terça-feira, 6 de julho de 2010

Assédio Naval

Ontem a noite passei por uma situação que me deixou bastante indignada. Eu estava passeando com a Sol, como sempre, e passei em frente à Escola de Guerra Naval... Já tô mega acostumada a ouvir cantadas dos homens na rua e em todo lugar, do peão ao engravatado, de baixezas a galanteios. Isso é peanuts, qq mulher sabe... O pior é qdo o assédio vem de guardas, policiais e militares... E vem mesmo, infelizmente. Dali mesmo da entrada da Escola de Guerra já ouvi gracinhas algumas vezes. Mas desta vez o atrevimento me incomodou mais que o comum. Acho que foi pelo fato de que a certeza de impunidade e o poder que a farda e a arma lhe conferiam, deram ao marinheiro a tranquilidade pra me dizer não só uma gracinha, mas sim duas frases inteiras, em alto e bom som. Não tinha mais ninguem na rua naquele momento e se não fosse pela fiel cã, eu estaria totalmente vulnerável! Continuei andando reto e do outro lado do círculo militar encontrei um soldado do ECEME - Escola de Comando do Estado Maior - e uma oficial mulher. Perguntei ao soldado se o ECEME teria ligação de algum modo com a Escola de Guerra. Ele disse que não, pois um é do Exército e outro da Marinha e que se eu quisesse me comunicar com a Escola deveria procurar o Oficial de Dia. Imaginei a cena: "oi, sr. marinheiro engraçadinho. vc pode chamar seu oficial de dia pra eu fazer uma reclamação do sr?" e ele: "claro, princesa!". Não, definitivamente não ia rolar. Fui pra casa e do alto do meu modelito casual-desarrumada short-casaco-chinelo-cabelo despenteado, perguntei ao meu noivorido: "amor, eu estou parecendo uma puta? eu estou vestida de forma vulgar?". Bom, eu já sabia a resposta, até pq se eu estivesse vestida de forma mundana ele nem me teria deixado sair de casa... E ele perguntou o que houve. Contei e ele na hora deu um pulo, se vestiu e saiu decidido a registrar a ocorrência. Eu tentei dissuadí-lo da idéia, falei que sempre passo por lá, vou ficar marcada, que blá, blá, blá... mas quem consegue convencer um macho orgulhoso a não defender sua mulher e sua honra? Eu devia ter ficado quieta! E engolido o sapo nosso de cada dia... Mas me revolta pensar que justamente aqueles em quem eu pensaria em buscar auxílio e segurança, são tb os que representam o perigo. Ingenuidade minha? Pode ser. Sou mesmo crédula ainda... Acho que esse idiota é minoria, mas a maçã podre contamina o cesto. Ainda que eu tivesse me insinuado ou que estivesse de mini-vestido decotado ou mesmo que estivesse nua, ele podia até mandar me prender por atentado ao pudor, mas jamais poderia me assediar! Nada lhe dá esse direito. Principalmente enquanto está fardado e armado, servindo ao país e sendo pago pelo meu, pelo seu, pelo nosso dinheiro. Enfim, fomos, eu fiquei no carro, ele chamou o oficial de dia, fez a queixa e agora é esperar e rezar...

Um comentário:

Anônimo disse...

É isso é algo verdadeiro. já se passaram 5 anos e as coisas continuam da mesma forma.

Ontem fui deixar minha namorada lá e esses pilantras continuam fazendo essas baixarias...

mas não ficará impune.