quinta-feira, 4 de junho de 2009

Diário de Bordo – 7º dia: a caótica viagem Paris-Roma

Paris é uma cidade que, definitivamente, combina comigo! Se vc passar em frente a um Café às 11h de uma segunda-feira, encontrará mtas pessoas com cara de quem acabou de acordar, fazendo fila pra comprar o pão. Os sinos badalarão meio-dia e o movimento só aumenta. Mas ninguém veio almoçar. Todos sentam nas charmosas mesinhas da calçada para tomar café e comer um croissant ou uma baguete. A segunda-feira tem cara de domingo, mas os turistas são substituídos pelos parisienses, com suas crianças e seus cachorros. Se, depois do café, vc quiser fazer um passeio mais longo e não estiver afim de enfrentar o movimentado metrô, vc pode optar pela bicicleta. As bicicletas podem ser alugadas em diversos pontos da cidade, numa espécie de bicicletário público. Vc passa um cartão magnético, previamente comprado em algum posto de venda, e pega uma bicicleta, podendo devolvê-la em qq outro bicicletário da cidade. Bom, depois de passar uma agradável manhã me perdendo pelas ruas de Paris e de tomar um café na mesinha da calçada, decidi que já era hora de partir. Voltei para o flat para pegar minhas coisas e para minha sorte um homem gentil, que estava trabalhando numa pequena obra no apartamento da frente, desceu minha bagagem pelos 4 lances de escada e ainda sorriu! Agora começa a parte ruim deste relato. E se vc não estiver disposto a ler sobre minhas lamúrias, pare por aqui...
  • Tirando a agradável manhã em Paris, o resto do dia foi um completo desastre! Foi, sem dúvida, o pior dia de minha viagem. Um dia para ser esquecido! Às 12h45 eu estava pronta na porta do prédio, apenas esperando o táxi, que só chegou as 13h15. Pedi que me levasse a Gare du Nord e ele pareceu desapontado, pois, vendo minha bagagem, deve ter imaginado que me levaria até o aeroporto. Não sei se de propósito ou se ele era devagar assim mesmo, mas sei que ele demorou um bocado e pareceu me enrolar um pouco. Eu já estava ficando impaciente qdo finalmente chegamos à estação. Lá dentro estava uma bagunça e parecia que ninguém sabia de nada, nenhum elevador funcionava e as escadas rolantes não rolavam. Apesar de perdida, eu ainda fui abordada por uma menina francesa, que me pediu informações em claro e bom francês. Isso me espanta um pouco, mas é bom saber que eu não tenho cara de turista songa-monga, mas sim que eu parecia uma francesa dona da situação! Lá em Gotemburgo tb aconteceu o mesmo, numa estação do bonde. Um lindo e loiro sueco veio me perguntar pra onde ia o bonde que chegara. Ok, nessas horas é muito bom saber falar: “Je suis desoleé, mais je ne sais pas” ou “Förlåt mig, men jag vet inte”, que quer dizer simplesmente: não faço a menor idéia, amigo! Estou tão perdida qto vc! Bom, depois de algumas voltas e de encontrar um elevador que subia e descia tão lentamente que irritava, finalmente encontrei o embarque para o RER linha B, que ia para CDG. Foi o primeiro trem que chegou e ainda por cima descobri que iria non-stop. Daí pensei: “Oh, como sou abençoada! Papai do céu protege os bêbados, as criancinhas e as pessoas perdidas na Gare Du Nord!”. Cheguei sã e salva ao caótico aeroporto CDG, o pesadelo de todo passageiro. (Aí vai uma dica: FUJA do CDG, sempre que for possível, em suas viagens com conexão na Europa! FUJA!!!). Me informaram que meu vôo para Roma, pela Air France, seria pelo Terminal 2A. Andei, andei e andei e finalmente, depois de atravessar metade do CDG, cheguei ao 2A. Eis que, uma vez no 2A, descubro que o vôo não saía de lá, mas sim do 2F. Inacreditável! Não daria tempo! Pergunto se haveria taxi para o 2F e a moça me diz que não, somente caminhando! Corro com minha bagagem feito uma maluca pelo infernal CDG, voltando todo o caminho que eu tinha feito e andando mais um pouco. Encontro filas para as escadas rolantes, tudo é uma grande confusão. Corro para um elevador que já estava lotado e me encaixo mesmo assim. Chego ao 2F e vejo uma multidão tentando fazer check in nos terminais e guichês. Atravesso por entre as pessoas, passo a frente de todos, passo por baixo das faixas e me enfio, como uma louca, na frente de um guichê avisando, em tom desesperado, que estou no vôo pra Roma de 15h25! Eram 15h05! Uma moça me atende gentilmente e tenta me colocar no vôo. Mas tem algo no ar, dizem que os vôos estavam atrasados, dizem que haviam deixado uma bagagem em terra, dizem coisas desconectas e sem sentido... e dizem que me encaixarão, sem problemas e sem ônus, no próximo vôo. Ufa! Fico triste, pq me planejei, fiquei pronta cedo e corri tanto para pegar esse vôo... Mas fico feliz, pois jurava que tinha comprado uma daquelas passagens non-refundable, que não se pode mudar sem pagar uma bela tarifa. Depois disso, enfrentei ainda 1km de fila para o embarque, pessoas tinham que tirar até os sapatos para passar pelo controle... Chamaram meu novo vôo e pensei que finalmente sentaria no avião. Ledo engano. Primeiro anda-se em um túnel, depois se desce uma escada, depois se pega um ônibus! Eu não sei pq cargas d’água um aeroporto tão grande qto o CDG não tem fingers grandes o suficiente para desembocarem direto no avião! Bendito Galeão!!! Estou me apaixonando pelo nosso maravilhoso Galeão! Daí o motorista do ônibus e sua ajudante parecem estar no seu primeiro dia de trabalho. Não sabem pra onde ir, vão pra frente, vão pra trás... E eu balançando e enjoando... Depois de muita espera resolveram abrir as portas e fomos andando para o avião... Isso é ridículo! Eu ODEIO o CDG, com todas as minhas forças! E essa já foi minha terceira infeliz experiência neste aeroporto em apenas 7 dias! O pior é que sei que ainda terei que retornar mais uma quarta vez antes de voltar ao Rio. Enfim, depois de todas estas desventuras, finalmente entro no avião. Mais alguns momentos de demora (ahhhhhhhhhhh!) e decolamos. Chegamos bem em Roma e eu fico feliz em perceber que o Fiumicino é bem diferente do CDG. É um pequenino aeroporto, mto bem sinalizado. Facilmente pego minha bagagem e encontro o trem para o Termini, a principal estação de Roma. Pra minha sorte, pego novamente um trem non-stop. O Termini, uma estação limpa, bonita, com lojas e lanchonetes, tb nada tem a ver com a confusa e suja Gare du Nord. O hotel fica a pé da estação. É facílimo andar por aqui com minha bagagem de rodinhas. É facílimo pedir informações, todos querem ajudar! E, finalmente, chego ao hotel. O hotel fica no 3º andar de um prédio (aqui tem disso, prédios com vários hotéis, um em cada andar) e o elevador é de ferro, daqueles de filme de suspense. Mas tanto faz, pq não está mesmo funcionando e eu estou cansada e com vontade de chorar. Constato que levei cerca de 9 horas no percurso porta a porta, do flat em Paris até meu hotel em Roma! O que é um absurdo, considerando que fiz um vôo de 2 horas. Talvez fosse mais rápido vir de bicicleta! O funcionário do hotel me vê pela câmera de vídeo e vem me receber e pegar minhas coisas. Definitivamente eu saí da França e cheguei à Itália! Lorenzo me explica tudo do hotel, me dá dicas de restaurante, me dá um belo mapa turístico, que se tornará meu amigo inseparável e me conta que caiu um avião da Air France. Agora entendo pq a Manuzinha me ligou perguntando de meus pais... Agora entendo pq o CDG estava mais caótico do que normalmente já é... Agora entendo pq este foi um dia tão horrível... Fico chocada, fico com medo! Poderia ter sido meu vôo, poderia ter sido dos meus pais... A vida é frágil e eu estou sozinha em um país que não conheço... Não tenho ng aqui! Fico triste! Fico ainda mais triste qdo descubro, lendo os meus emails, que o pai de uma amiga estava no vôo. Isso prova o qto somos vulneráveis e impotentes. E não há nada que se possa fazer... Recebo minha chave e me deparo com um jeitoso quarto, com um banheiro bem moderninho. Neste quesito, Roma é bem mais evoluída que Paris, que ainda mantém suas velhas instalações. Mas o quarto é tão pequeno que acredito que seja menor que meu quarto de empregada... E não condiz como o preço grande que estou pagando. Digo a Lorenzo que quero trocar de quarto para um maior, aviso que ficarei deprimida se não trocar. Ele me atende. Rezo para que amanhã seja um novo dia e saio para comer.

4 comentários:

Carol disse...

Concordo com voce - eu tambem odeio o CDG!!! Aproveita a Italia pq eh muito linda. Beijos

Pedro disse...

Aqui no Rio implementaram esse esquema de bikes em alguns pontos de Copa e Leme, mas da pior maneira possível!
Primeiro você tem que se cadastrar pelo site. Depois tem que comprar um pacote E SÓ DEPOIS quando vocês realmente for usar tem que ligar do seu celular (cadastrado) para liberar a bike. O passe diário custa 10 paus e o anual custa 100 (custava 300, mas aí viram que ng é bobo e com esse preço o cara já pode comprar uma bike).

O pior disso tudo é que você fica limitado à orla de Copa. Se vc quiser ir até Ipanema dar um mergulho não pode pois não há bicicletários..

Onor disse...

Estou acompanhando todos os seus posts, Laura!

Alguns, a maioria, são ótimos em tudo!

Mas neste admito que fiquei com medo do CDG!

Continue postando... você escreve muito bem e com riqueza de detalhes! Poderia virar mochileira internacional profissional e escrever sobre lugares e costumes do mundo, hein?

Laura disse...

Claudio,
Viajar e escrever eh mto bom, mas dah trabalho e despesa! Seria perfeito se eu pudesse ser paga pra fazer isso! ;-)
Quem sabe um dia alguem descobre meu talento! Hahahahaha...
Mas eu continuaria com minhas malas de rodinha! Nada de mochila! Hahahahaha...
Valeu! Bjos!