terça-feira, 23 de junho de 2009

O nascimento do meu irmão

Ontem foi aniversário do meu irmão... e isso me lembrou como essa coisa de ter um irmão é muito louca! Gente, tem coisas que a gente não conta nem para própria sombra... Mas eu confesso que sou apenas um ser humano comum e cheio de defeitos... E por isso foi tão difícil pra mim qdo, aos 7 anos de idade, quase 8 completos, tive que entender que aquele bebê que preenchia a barriga da minha mãe era de verdade e finalmente iria dar as caras na minha casa, diariamente. Por ele fizemos obras, mudamos a decoração, vimos meus pais nervosos com a bronquite, com o choro... Era um ser tão pequeno mas fez um estrago tão grande com a ordem natural das coisas da casa. E fez uma confusão tão enorme com os meus sentimentos, que eram tão infantis mas ao mesmo tempo já tão cheios de valores. Meus pensamentos desordenados geravam reações controversas. Por vezes pensei que aquele pedaço de gente fosse um monstro diabólico vestido numa capa de bebê... que tinha vindo ao mundo só para me massacrar. Ele era o castigo que eu não merecia! Em diversas ocasiões tive a certeza de que o grande objetivo da vida daquela criança era me roubar os pais e me azucrinar. Mas na mesma madrugada, horas depois de odiá-lo e desejar que ele jamais tivesse existido, minutos depois de amaldiçoar meu pai e minha mãe por terem trazido para casa aquela coisa que na minha mente havia sido trocada na maternidade com meu irmão verdadeiro, nesse mesmo dia, eu passava pelo quarto da criatura para verificar se estava tudo bem e se o pequenino respirava e dormia em paz... Madrugada? É, o pequeno ser trouxe muito sono aos meus pais e muita insônia para mim... Eu, um ser que preza tanto dormir desde sempre, tinha constantes ataques de uma doença que me deixava em estado de vigília por horas, às vezes a noite inteira... E ficava pensando se teriam tubarões, jacarés ou piranhas embaixo da cama do meu irmão... ou se aquela mão que vem de debaixo da terra em filmes de terror, se alguma viria atacá-lo... esses pensamentos medonhos que me perseguiram na infância me arrancavam a paz do repouso inocente e me faziam levantar de tempos em tempos para me certificar da segurança do pedacinho de gente. Claro que todas as vezes tudo estava no lugar (ainda bem!) e não havia mais que pernilongos a lhe atacar a face ou os bracinhos expostos... Mas cada vez que eu ia, pé ante pé, ao seu quarto era uma superação ao medo. Sentimento louco esse que temos pelos irmãos. Um misto de amor e ódio... Mas se mexem com eles, mexem comigo! Hoje amo demais meu irmão e agradeço por tê-lo em minha vida! (Mesmo que ele tenha sido trocado na maternidade ou encontrado no repolho!)

Um comentário:

Aurelia disse...

Ou que ele tenha sido comprado na loja de bebês, na prateleira lá do alto...rs...rs...